segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Sai novo Edital da expansão do Bike Rio


 No dia 20 de setembro de 2013 foi publicado no Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro o Edital de licitação para a expansão do programa de bicicletas públicas carioca, Bike Rio.
Algumas novidades em relação ao Edital anterior:

+ 200 Estações além das 60 atuais.

Horário de funcionamento passa a ser das 6hs às 22hs para 6hs à meia noite.
Novas Estações - Além das 60 atuais, serão instaladas:

57 no Centro (além das 2 atuais na Pça XV e Cinelândia)
57 na Zona Sul (reforço no sistema atual)
16 na Tijuca;
10 em Vila Isabel (Shopping Iguatemi, Maracanã e UERJ ganharão)
47 na Barra
13 no Recreio

Objeto: Deixa de ser exploração de publicidade com contra-partida de implantação de bicicletas públicas e passa a ser Exploração de espaço público para implantação de estações de sistemas de bicicletas públicas.
Estranho isso, já era para a Prefeitura do Rio ter dado um exemplo e ter feito o dever de casa para preparar um edital cujo objeto seja REALMENTE o que se trata, ou seja: Concessão de transporte público por bicicleta. Enquanto isso não é feito, vamos nas emendas jurídicas para dar validade ao edital e o sistema sair, o que, na prática, é o que interessa.

Outorga: Mínimo de 25 milhões direto para os cofres do município, sem vinculação (construção de infraestrutura, por exemplo). Desta vez a Prefeitura do Rio foi ousada, e essa ousadia, arrisco dizer, pode resultar numa ausência de licitantes, o que acarretará, em último caso, no fim do sistema Bike Rio.

A empresa que oferecer o maior valor de outorga ganhará o direito de explorar o serviço. Tudo bem se fosse um serviço lucrativo ou que gerasse algum passivo para a cidade. Ocorre que o bike-share não é autossuficiente, ou seja, com o valor pago pelos passes dos usuários não é possível manter minimamente o sistema, quem dirá plenamente (daí a necessidade do patrocínio).

Outro ponto é que o sistema gera lucros colaterais para os cofres públicos, seja pela questão de saúde pública, redução das emissões e poluentes, melhor fluidez no trânsito, diminui a pressão pelo transporte público nas áreas onde for instalado, além da imagem política positiva da cidade.

Desta forma, seria esperado que a prefeitura, ao contrário de cobrar algum valor de outorga, até arcasse com parte dos custos de implantação, de forma a que o sistema fosse mais abrangente, e chegasse a outras áreas da cidade, até mesmo na Zona Norte.

Horário de Funcionamento: Um bom upgrade! Agora o sistema deve fucnionar das 06h à  meia noite!

Liberação pelo Celular: É obrigatório que a liberação seja pelo menos pelo celular. Com essa instrução no edital, várias empresas estrangeiras (Clear Channel, JCDecaux, Bixi, Moviment Barcelona, B-Cycle, etc.) ficam automaticamente de foram, pois a única empresa com essa tecnologia atualmente é a Serttel. Neste ponto, o Edital torna-se ainda mais restritivo.

Energia Solar: Com a alimentação por energia solar obrigatória, novamente, a Serttel é favorecida neste quesito em relação a outros concorrentes.
No dia 24 de outubro serão abertos os envelopes que indicarão o vencedor desta licitação e estará apto para operar o sistema nos próximos 5 anos, prorrogáveis por mais 5!

OPINIÃO:

Há dois problemas gravíssimos nesse edital, que é a outorga e o limite máximo de 16 vagas em cada estação.

Quanto à outorga, o problema eu já pincelei anteriormente, o risco de não haver licitante é muito grante. Um sistema com 200 estações e 2000 bicicletas, pode custar uns 20 milhões de reais, sendo que a outorga ainda é mais cara que o próprio sistema.

25 milhões para o caixa da prefeitura do Rio é muito pouco dinheiro, mas para um sistema de bicicleta pública de 3ª geração é muita grana. Com esses 25 milhões, pode-se investir muito em infraestrutura cicloviária ou até mesmo expandir o sistema numa área maior da cidade. Uma falta de visão tremenda do gestor público municipal do Rio de Janeiro em querer fazer caixa com bicicleta pública, pois é disso que se trata esse valor de outorga exigido.

Quanto ao tamanho das estações é gravíssima essa falha. Quando se colocar mais 1000, 2000 bicicletas no sistema, haverá uma flutuação muito grande de demandas para estações-tronco, ou seja, aquelas que são desejadas por muitas pessoas, como as próximas de estações de transporte de massa.

Imaginem a estação Central do Brasil, que recebe mais de 700 mil passageiros por dia com apenas 16 vagas para bicicletas públicas? Ela vai viver ora lotada ora vazia e não vai ser nem um pouco seguro para o usuário ir até lá de bicicleta e correr o risco de não ter vaga para estacionar.

Um problema primário, absolutamente pueril, que não foi atentado pelo gestor municipal que elaborou o edital. Não creio que a equipe técnica que amparou a elaboração do Termo de Referência tenha sido silente quanto a este aspecto tão relevante da viabilidade do sistema. Vamos ver que solução criativa pode vir para minimizar esse problema. No pior cenário, o sistema operará com menos bicicletas do que poderia, como já ocorre atualmente.

Subúrbio de Fora: O fato do sistema não abranger uma área maior da cidade não é o maior problema desse edital, em todo sistema de bicicletas públicas existente no mundo hoje, o crescimento se dá do Centro ou da área mais nobre, mais visível e mais movimentada da cidade em direção aos subúrbios e não o inverso. natural que em algum momento o sistema Bike Rio cresça e chegue até os limites da cidade, até os bairros mais distantes.

Lembrando que a proposta da bicicleta pública não é que o usuário faça deslocamentos longos com a bicicleta ou cruze a cidade para chegar no trabalho ou qualquer local de destino, mas, sim, suprir as demandas por deslocamentos dentro de uma área central, com raio de no máximo 7 km.


Vamos aguardar ansiosamente o que acontece no dia 24 de outubro.

4 comentários:

  1. Boa noite, Rodrigo.

    Sou aluno da UFRJ e estou realizando um projeto de avaliação do BikeRio. Descobri o seu blog e gostei bastante.

    Eu estou pesquisando faz tempo informações sobre o projeto, mas elas são muito poucas.

    Será que você pode entrar em contato comigo, para esclarecer algumas dúvidas minhas?

    Meu email é andrebastos@poli.ufrj.br

    Obrigado!

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  2. Prezados senhores,

    o sistema quase só tem estações vazias. Quando há bicicletas, estão quebradas ou não são liberadas de jeito nenhum porque o sistema não detecta sua presença no local onde ela está presa. Divulgam que são 600 bicicletas para 58 estações. Deveria haver em média 10 bicicletas por estação: nunca vi mais que oito em nenhuma estação, nem a noite nem em dias de chuva. Por exemplo, ontem (29/12 por volta de 20:00) estava chovendo, mas, mesmo assim, a estação do Rio Sul só tinha três bicicletas. Eu tinha passado lá mais cedo e só havia uma bicicleta, com o cabo do freio quebrado. É um engodo, mesmo. Comprei o passe mês passado, já está expirando e só consegui usar três vezes, duas delas tendo de telefonar 4 vezes pelo celular para liberar uma bicicleta. Enfim, não pretendo renovar meu passe e não recomendo que ninguém entre nessa. Tomara que melhore.

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