sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Porquê sistemas pequenos ou projetos pilotos falham?

 Sobre a implantação dos sistemas em pequena escala no Brasil, como nas cidades de Recife, Santos, Porto Alegre, Sorocaba, Campinas e São Caetano, algumas pessoas a iniciativa positiva e que deve-se começar de algum lugar.
Sim, mas mais importande do que começar de algum lugar, é saber em que lugar se pretende chegar!

De fato, entendo que sim, deve-se começar de algum lugar, e o melhor lugar para se começar é na mesa de estudos, para tentar entender como funciona um sistema bike share, em vez de simplesmente colocar estações com bicicletas em qualquer lugar e achar que isso será suficiente para salvar a cidade do engarrafamento, da poluição, da obesidade, etc. 
Dito isso, se o sistema é pensado para ser usado como mais um meio de transporte para a população, integrado ao sistema público de transporte, dou duas simples razões para que não se tente implantar um projeto piloto ou um sistema em pequena em larga escala para fazer "teste de demanda", para saber se o sistema será bem aceito pela sociedade.
Primeiramente, um projeto piloto ou em pequena escala não deve ser usado como "teste de demanda". Pois quanto menos estações, menores são as opções de deslocamentos. Vejam: implantar 10 estações em uma cidade é como implantar uma linha de ônibus com 10 pontos apenas. Quanto mais pontos, maiores são as opções de deslocamentos, mais pessoas serão atendidas e, com  isso, maior a demanda.

Um projeto piloto ser usado como teste de demanda certamente irá falhar, pois as opções de uso serão muito reduzidas.

A Transport For London encomendou um relatório sobre os sistemas de bike share que foram implantados em projetos piloto ou em larga escala, e a primeira recomendação do relatório final é a seguinte: 

"Um lançamento em larga escala em uma grande cidade é importante. Se o sistema é pensado para se tornar parte do sistema público de transporte, o sistema precisa possuir bicicletas suficientes a um intervalo frequente, da mesma forma como em casos de pontos de onibus. Bicicletas precisam estar disponíveis não apenas nas estações de origem e destino do usuário, mas também durante o trajeto e nas imediações, caso a estação escolhida para pegar ou deixar a bicicleta não esteja imediatamente disponível".

Segundo, não é recomendavel implentar um sistema disperso, por exemplo, com estações em locais estratégicos apenas. O sucesso de sistemas implantados em várias cidades mostraram-se inseguros, na medida em que o usuário não tem a garantia de que, no caso da estação de origem/destino estará disponível, e caso não esteja, ele não terá uma outra estação próxima para pegar ou deixar a bicicleta, tornando o sistema totalmente inseguro.

Projetos pequenos podem não necessariamente falhar, porém, o seu nível de uso e a sua sua natureza não poderá ser jamais classificados como uma opção de transporte público para a cidade, e sim, uma opção informal, restrita e absolutamente limitada, que não atenderá ao usuário diário que precisa se locomover em bases normais e rotineiras.

Concluindo, se a idéia de implantar um Bike Share como sistema público de transporte, um modal, um projeto em pequena escala ou piloto está fadado ao fracasso. Agora, se a idéia é so implantar de forma informal e "bonitinha", para políticos posarem na foto, daí pode funcionar sim, mas nunca como um meio de transporte útil para a cidade.

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