quarta-feira, 27 de março de 2013

Buenos Aires é “Mejor en Bici”

Sistema de bicicletas públicas da cidade de Buenos Aires catapulta implantação de infraestrutura cicloviária e políticas públicas pró-bicicletas.


O "Mejor en Bici"  (Melhor de Bicicleta) não é apenas o nome do sistema de bicicletas públicas, mas um programa mais amplo que envolve todo o planejamento da infraestrutura cicloviária da cidade, campanhas educativas e promoção do uso da bicicleta em geral, tudo dentro de um Plano de Mobilidade Sustentável de Buenos Aires que vem sendo pensado para a cidade.

O “MeB” é um programa de Governo, mantido pela própria prefeitura de Buenos Aires, e dentre as políticas públicas para o uso da bicicleta na capital argentina está a implantação do sistema público de aluguel de bicicletas, sobre o qual abordo neste tópico.

Estação Mejor en Bici

O modelo adotado em Buenos Aires é um sistema de 2ª Geração (mais detalhes neste tópico: Como Surgiram as Bicicletas Públicas), e como tal, não é automatizado, ou seja, todas as estações possuem um funcionário responsável pela liberação e recebimento da bicicleta pelo usuário. E, apesar de informatizado, na medida em que o funcionário de cada estação possui um controle em tempo real dos usuários e das bicicletas, o sistema não é autônomo e não demanda tanta Tecnologia da Informação como os sistemas de 3ª Geração (Vélib, Barclays, Bike Rio, Bike Sampa, etc.)

Este modelo possui uma vantagem sobre os sistemas de 3ª Geração, que é o baixo custo de implementação, na medida em que as estações físicas não demandam tecnologia da informação (basta um computador simples com acesso à internet), não ocupam muito espaço físico, é basicamente um contêiner e as bicicletas podem ser empilhadas sem ocupar muito espaço, já que serão liberadas individualmente pelo próprio funcionário da estação.

Outra vantagem deste sistema é que a estação não está limitada a um número de vagas, não havendo o risco do usuário, ao devolver a bicicleta, encontrar a estação sem vagas disponíveis para o estacionamento, isso é virtualmente impossível neste sistema.

Porém, possui limitações, e a maior delas está na abrangência. Por exigir o emprego de um funcionário para liberar a bicicleta, mais estações significa mais pessoas empregadas e, com isso, mais custo, fora aqueles já normais com a manutenção das bicicletas. Logo, sistemas de segunda geração são perfeitos para serem implantados com estações em locais estratégicos, sem a necessária rede de estações (8 p/km², distância de 300m no máximo) dos sistemas de 3ª Geração, já que não há risco do usuário encontrar uma estação vazia ou lotada, comuns naqueles sistemas.

As estações de segunda geração em locais estratégicos são uma boa, porém limitada, opção, no entanto, se bem localizadas, podem bastante eficientes, especialmente considerando-se a integração intermodal com transportes de massa e locais de grande movimentação, como praças centrais, shopping centers, etc.
Em regiões com menos densidade do que grandes centros urbanos, em cidades pequenas ou médias, microrregiões (grupo de cidades pequenas reunidas num raio de até 50km) esse sistema de 2ª Geração é uma opção, por ser mais barato e não ser tão abrangente quanto ao número mínimo de estações.
Mapa de localização das estações Mejor en Bici

Voltando ao sistema argentino, o sistema foi lançado em dezembro de 2010 com apenas 3 estações e 100 bicicletas. Atualmente ele possui 28 estações em funcionamento, com mais de 1200 bicicletas disponíveis. O serviço é gratuito tanto para moradores quanto para turistas e funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 20 h. e aos sábados de 9 a 15 h, não funciona nem domingos e nem feriados.

Para usar o serviço o residente deve fazer um cadastro na internet e receberá uma senha (PIN). Deverá comparecer na estação com uma foto e informar o número PIN, e então estará liberado para retirar a bicicleta. Os não-residentes ou turistas devem comparecer na estação com o passaporte original e uma fotocópia e fazer o cadastro na hora com o funcionário, que então lhe fornecerá o PIN.

O sistema argentino é interessante e apresenta-se como uma alternativa viável em locais de baixa densidade (cidades médias, pequenas, microrregiões, regiões suburbanas, etc.) ou onde o poder público não tem condições de arcar com um serviço de 3ª Geração não patrocinado.

Pela consolidação da cultura ciclística da cidade de Buenos Aires e sua grande visibilidade e interesse turísticos, seria mais do que viável a instalação de um abrangente sistema de 3ª Geração, patrocinado, sem custos para o governo local e bem mais abrangente do que o atual Mejor en Bici.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

China agrega outros serviços às estações de bicletas públicas

Em Janeiro 2013 saiu um relatório em que Hangzhou tem agora 69.750 bicicletas em 2.965 estações com 94.000.000 pessoas utilizando o sistema anualmente. Sim, são 94.000.000 de viagens de bicicleta por ano. Se o gestor do sistema, o Serviço de Transportes por Bicicletas Públicas de Hangzhou (STBPH), recebe um yuan (R$ 0,30 - trinta centavos) para cada um desses passeios, bem, é um monte de dinheiro. Agora, se os ciclistas precisarem de dinheiro, STBPH irá tornar a vida mais fácil para eles, pois a empresa acaba de chegar a um acordo para alugar o espaço em suas estações de bicicleta para o Banco de Desenvolvimento de Guangdong para caixas automáticas (ATM). Cinco dos caixas eletrônicos já estão instalados de acordo com Hangzhou.com. 

Multi-posições estação em Hangzhou, China

A China parece ser a líder mundial em ideias de integrar múltiplos usos para seus serviços de bicicleta pública. Este é um grande exemplo de sinergia de serviços para os usuários do sistema. Já há tomadas para recarga de bicicletas elétricas em algumas estações na cidade de Wuhan. Muitas cidades chinesas já têm agora o dobro de estações de bicicletas públicas em relação ao número de pontos de ônibus. Quanto mais serviços e facilidades agregadas ao sistema de bicicletas públicas, mais interessante e atraente será para os usuários.

Fonte: Bike-Sharing

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Goiânia anuncia seu sistema de bicicletas públicas para o 1º Semestre de 2013


Na tarde da última quarta-feira, 5, o presidente da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), José Carlos Xavier, e a arquiteta e urbanista da CMTC, Ediney Bernardes, apresentaram estudos que estão em desenvolvimento para Goiânia. A pedido do próprio prefeito Paulo Garcia, secretários e presidentes de órgãos da administração foram convidados para o encontro.


Ciclovia na cidade de Goiânia

Neste encontro foi apresentado o estudo de implantação do Serviço Integrado de Bicicletas Públicas. Para Paulo Garcia, o modelo de cidade de Bogotá passa pelo mesmo de Goiânia. “Estive recentemente em Bogotá e fiquei impressionado com a adesão da população à bicicleta, e tenho certeza de que implantado aqui teremos público para esse modal”, avalia.

Ainda em fase de avaliação e acertos de detalhes, o estudo prevê que Goiânia terá 40 estações de bicicletas públicas com dez vagas cada uma. Até o final do primeiro semestre de 2013, a CMTC espera entregar as dez primeiras estações, ofertando no total 100 bicicletas ao Serviço Integrado de Bicicletas Públicas, que estará integrado ao sistema de transporte coletivo. “A oferta deste modal é para que o usuário do transporte público faça uso da bicicleta em trechos que complementem a viagem do transporte coletivo. Integrar os dois modais trará mais opções de deslocamentos e vai ofertar ao usuário ganho de saúde, maior integração com a cidade e, entre outros aspectos, promover a redução do uso do automóvel particular”, frisa a arquiteta e urbanista Ediney Bernardes.

Nas estações o usuário contará com serviço de auto-atendimento para a locação da bicicleta que poderá ser feito por diária e mensal via cartão de crédito ou por meio do celular, após cadastramento. Os valores serão determinados conforme o uso do serviço. A operadora que vencer a licitação disponibilizará um site de relacionamento com o usuário contendo informações sobre as localidades das outras estações, trajetos, mapas, disponibilidade de bicicletas, locais de devolução, condição do trânsito e do tempo, distância entre uma e outra estação e as vias com ciclovia. A alimentação da estação, como pretende a prefeitura, será por energia solar. “Essas são as diretrizes traçadas para o nosso serviço da bicicleta pública”, resume Ediney.

Esse serviço foi pautado com o sucesso de outras cidades brasileiras que já contam com a bicicleta pública e já estão em fase de expansão, como por exemplo: Rio de Janeiro com 600 bicicletas; São Paulo com 650; Porto Alegre com 200 e Sorocaba, em São Paulo, com 190 bicicletas. Outras cidades paulistas como Santos, Campinas e São Caetano do Sul também já implantaram.

Fonte: Prefeitura de Goiânia

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Porquê sistemas pequenos ou projetos pilotos falham?

 Sobre a implantação dos sistemas em pequena escala no Brasil, como nas cidades de Recife, Santos, Porto Alegre, Sorocaba, Campinas e São Caetano, algumas pessoas a iniciativa positiva e que deve-se começar de algum lugar.
Sim, mas mais importande do que começar de algum lugar, é saber em que lugar se pretende chegar!

De fato, entendo que sim, deve-se começar de algum lugar, e o melhor lugar para se começar é na mesa de estudos, para tentar entender como funciona um sistema bike share, em vez de simplesmente colocar estações com bicicletas em qualquer lugar e achar que isso será suficiente para salvar a cidade do engarrafamento, da poluição, da obesidade, etc. 
Dito isso, se o sistema é pensado para ser usado como mais um meio de transporte para a população, integrado ao sistema público de transporte, dou duas simples razões para que não se tente implantar um projeto piloto ou um sistema em pequena em larga escala para fazer "teste de demanda", para saber se o sistema será bem aceito pela sociedade.
Primeiramente, um projeto piloto ou em pequena escala não deve ser usado como "teste de demanda". Pois quanto menos estações, menores são as opções de deslocamentos. Vejam: implantar 10 estações em uma cidade é como implantar uma linha de ônibus com 10 pontos apenas. Quanto mais pontos, maiores são as opções de deslocamentos, mais pessoas serão atendidas e, com  isso, maior a demanda.

Um projeto piloto ser usado como teste de demanda certamente irá falhar, pois as opções de uso serão muito reduzidas.

A Transport For London encomendou um relatório sobre os sistemas de bike share que foram implantados em projetos piloto ou em larga escala, e a primeira recomendação do relatório final é a seguinte: 

"Um lançamento em larga escala em uma grande cidade é importante. Se o sistema é pensado para se tornar parte do sistema público de transporte, o sistema precisa possuir bicicletas suficientes a um intervalo frequente, da mesma forma como em casos de pontos de onibus. Bicicletas precisam estar disponíveis não apenas nas estações de origem e destino do usuário, mas também durante o trajeto e nas imediações, caso a estação escolhida para pegar ou deixar a bicicleta não esteja imediatamente disponível".

Segundo, não é recomendavel implentar um sistema disperso, por exemplo, com estações em locais estratégicos apenas. O sucesso de sistemas implantados em várias cidades mostraram-se inseguros, na medida em que o usuário não tem a garantia de que, no caso da estação de origem/destino estará disponível, e caso não esteja, ele não terá uma outra estação próxima para pegar ou deixar a bicicleta, tornando o sistema totalmente inseguro.

Projetos pequenos podem não necessariamente falhar, porém, o seu nível de uso e a sua sua natureza não poderá ser jamais classificados como uma opção de transporte público para a cidade, e sim, uma opção informal, restrita e absolutamente limitada, que não atenderá ao usuário diário que precisa se locomover em bases normais e rotineiras.

Concluindo, se a idéia de implantar um Bike Share como sistema público de transporte, um modal, um projeto em pequena escala ou piloto está fadado ao fracasso. Agora, se a idéia é so implantar de forma informal e "bonitinha", para políticos posarem na foto, daí pode funcionar sim, mas nunca como um meio de transporte útil para a cidade.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Bike Santos é inaugurado hoje: 29/11/2012.

Conforme noticiado aqui no blog no post de 10/09/2012 Aqui, a cidade de Santos inaugura neste instante o seu sistema de Bike Share.

Bike Santos

Créditos: Divulgação
Bicicletas que serão usadas no Bike Santos

O sistema será o perado pela Serttel, sim, a mesma que opera os já famosos Bike Rio, Bike Sampa, Bike Poa, Integrabike (Sorocaba) e futuramente o programa de Recife.

O sistema segue o modelo exato do Bike Sampa, funcionará das 6h às 22hs, custará o passe mensal R$ 10,00, cada passe permite retirar uma única bicicleta por vez, que deverá ser devolvida em qualquer estação do sistema em 30 minutos, caso ultrapasse esse período será cobrado R$ 5,00 por hora adicional. Uma vez entregue a bicicleta numa estação, somente poderá fazer nova retirada dentro de 15 minutos, caso contrário, será cobrada uma taxa também de R$ 5,00.

A única diferença entre todos os sistemas é que no Bike Rio o período "de graça" é de 60 minutos! O que é muito bom, já que o sistema é muito espalhado pela cidade, o ponto contra é que 1h é tempo demais e isso faz com que as pessoas permaneçam mais tempo de posse da bike, o que, num sistema como o Bike Rio é problemático, pois há uma notória escassez de bicicletas em grande parte das estações durante todo o dia.

Voltando a Santos, o sistema contará com 14 estações, e elas já estão localizadas no mapa abaixo, veja:




Haverá um número de veículos e estações maior que o inicialmente projetado, porque os locais não se limitarão à orla e aos centros comerciais do Gonzaga e Aparecida. Ao invés de 100 bicicletas, agora serão 300; e as dez estações para retirada ou devolução foram aumentadas para 30. A ampliação representa grande benefício para o cidadão, que poderá aproveitar o sistema para deslocamento em outros bairros.

Fonte: A Tribuna



quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Recife, terra natal da Serttel, finalmente implantará seu Bike Share

Baseado no mesmo modelo implantado nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, Recife, que abriga a sede da empresa Serttel, que é a justamente quem gere e administra todos os sistemas Bike Rio, Bike Sampa, Bike Poa, Integrabike (Sorocaba), agora prepara-se para receber o seu sistema público de aluguel de bicicletas, que será gerido por esta mesma empresa.

Projeto de compartilhamento de bicicletas terá est
Modelo será similar aos implantados no Rio, Sampa e Porto Alegre.

De acordo com a Prefeitura de Recife serão 10 estações e 100 bicicletas, com isso, a prefeitura pretende alcançar a marca de 2 mil usuários em 2 anos e promover a mudança na cultura de mobilidade do reficense, reduzir o congestionamento e acidentes de transito... blá blá blá blá (Fonte: http://www.mobilize.org.br/noticias/3184/convenio-garante-bicicletario-em-tres-bairros-do-recife.html)

Convenhamos, se a meta de qualquer prefeitura de uma capital como Recife, é justamente uma mudança de cultura, deveria ter mais coragem e apresentar um plano REALMENTE coerente com tal pretensão e não apresentar um projeto medíocre, que qualquer pessoa com o mínimo de conhecimento em sistemas de bike share sabe que são fadados ao insucesso, pois o sistema se sustenta pela sua abrangência, oferta e segurança.

Enfim, apenas 10 estações e 100 bicicletas e uma meta risível de alcançar a marca de 2 mil usuários em 2 anos (como se fosse algo realmente grandioso!!!) não faz a menor diferenças para os usuários, para o cidadão, para o transito, para a mudança de comportamento, para nada! Faria se a cidade tivesse 7 mil habitantes!

É só uma manobra política muito tola e pueril! Para incluir o nome da cidade entre aquelas que possuem bike share... já que o sistema está na moda e todas as grandes cidades do mundo estão implantando, pois é trata-se do futuro da mobilidade em pequenos trajetos nas grandes cidades.

Está na hora das autoridades de trânsito criarem coragem para fazer algo que realmente faça diferença para os seus cidadãos e comecem a pensar grande e não menosprezar a capacidade ciclística de suas cidades. O potencial é muito maior do que se imagina e a população em geral deseja isso, apenas não está acostumada com a idéia do plano cicloviário tornar-se massificado.

Querem um sistema de bike share que realmente faz alguma diferença, se inspirem então nesses aqui:

Londres: http://bikes.oobrien.com/london/
Barcelona: http://bikes.oobrien.com/barcelona/
Montreal: http://bikes.oobrien.com/montreal/

Ahh tahh!!! Esses acima são sistemas instalados em cidades de primeiro mundo! Coisa chique! Lá na Europa e no Canadá o povo é mais civilizado, tem uma cultura de bicicleta mais disseminada que a nossa! O clima permite!!! (pensamento mais equivocado, impossível, qualquer um sabe que pedalar no frio ou na neve é infinitamente pior do que pedalar no calor tropical! Sem contar que Londres chove o ano inteiro!).

Pois é, tinha esquecido do famoso "complexo de vira-lata" do brasileiro, e por isso vou citar o exemplo do México...  que é tão 3o mundo quanto o Brasil, se não mais, para aqueles que pensam que a Europa e a América do Norte são padrões elevados demais...

Cidade do México: http://bikes.oobrien.com/mexicocity/
Guadalajara: http://bikes.oobrien.com/guadalajara/

Só pra arrematar, não há necessidade de se fazer projetos pilotos ou projetos medíocres (covardes, com medo de dar errado), o sistema já demonstrou ser absolutamente viável em todas as cidades onde ele foi implantado de forma séria, técnica e coerente (e não política).

O estudo para instalar um sistema de bike share deveria ser levado tão a sério quanto a concessão da operação de uma linha de ônibus, onde cada estação representa um ponto de ônibus e cada bicicleta uma potencial viagem pelo usuário, daí implanta-se mais ou menos estações de acordo com a área aonde a "linha" passará, dimensionando-a de acordo com o movimento de cada ponto.

Porém, a Tranport For London já fez seu estudo (já postei isso aqui no blog, mas não custa repetir), e concluiu que o sistema para ser viável necessita dos seguintes requisitos básicos: 8 estações por km², uma não mais distante do que 300m da próxima, distribuída numa área de grande densidade populacional e num raio que não ultrapasse 30km. O resto é a qualidade do nível de serviço.

Receitinha básica de bolo mesmo, mas que resume bem o que é necessário para o sistema funcionar!

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Bike Sampa Decola!

De começo tímido, com apenas 5 estações, em poucos meses o sistema Bike Sampa ganha mais e mais estações. Atualmente o sistema já conta com 55 estações e a cada semana novas estações vêm sendo inauguradas.




















Panorama atual do Bike Sampa.

Por também ser administrado pela mesma empresa do Bike Rio, a Serttel, o Bike Sampa nasce com os mesmos erros fundamentais reportados aqui no Blog, porém, sai na frente do sistema carioca em alguns aspectos.

O primeiro deles é o fato dele já vir planejado para crescer. Já nesse ano de 2012 há a previsão da instalação de 100 estações, inclusive, elas já estão marcadas no mapa, o que já dá uma idéia do que está para ser inaugurado. Além disso, já há previsão no edital para a instalação de 300 estações na cidade até o fim de 2013. As primeiras 200 estações podem até vir a complementar as áreas onde o sistema já existe e verificou-se que existe maior demanda.

No entanto, apesar disso, os erros fundamentais existem, e o maior deles está em relação ao tamanho das estações, todas muito pequenas (com 12 ou 14 vagas no máximo). Evidentemente que em determinados locais são necessárias estações com mais vagas. Este erro também foi importado do Bike Rio.

Outro erro fatal é a distância das estações, como já falado insistentemente neste blog, e nunca é demais repetir: para que o usuário se sinta seguro com o sistema é essencial que existam várias estações próximas não só dos pontos de origem e destino, mas também durante todo o trajeto, algo na ordem 8 estações por quilômetro quadrado a uma distância não superior a 300m umas das outras.

Esse problema da segurança que se tem com uma boa proximidade entre as estações pode ser ilustrado através do seguinte exemplo: Imagine você usando um ônibus para fazer um trajeto de 10 km entre o ponto de origem e o seu ponto de destino e se o ônibus em que você está quebra no meio do caminho e você só pode embarcar um outro ônibus em pontos específicos, sendo que o mais próximo está localizado a 2 km de distância e você precisa andar até lá para pegar outro ônibus.

Imaginou?

É o que acontece quando você pega uma bicicleta numa estação e o pneu fura e você tem que andar 1 km até a estação mais próxima. Ou quando você chega na estação de destino e ela encontra-se sem vagas e você precisa andar 1 km (desviando do seu ponto de destino) para poder devolver a bicicleta em outra estação. Ou simplesmente desiste de usar a bicicleta naquele dia pois a estação próxima de você não tem nenhuma bicicleta disponível e você não está afim de andar 1 km até a outra estação mais próxima e resolve então ir de ônibus, pois é mais cômodo! (Sim, pegar um ônibus cheio e ficar no engarrafamento consegue ser mais cômodo do que ter que peregrinar para conseguir uma bicicleta, acreditem!).

Essa é a segurança que o usuário da bicicleta pública tem que ter no dia-a-dia para poder, enfim, utilizá-la diariamente. Caso o sistema não seja levado com esta seriedade, não atingirá mesmo o seu fim e será lamentável para todos.

Me anima ver o mapa do Bike Sampa e me anima saber que tem mais 45 estações a caminho este ano! Espero que o sucesso seja tão grande quanto o Bike Rio e que a Serttel não cometa os mesmos erros que vêm cometendo por lá, com a constante falta de bicicletas no sistema e a baixa qualidade no nível de serviço. Uma clara situação onde ninguém estava preparado para o sucesso e o sistema nasceu amarrado e sem condições de crescer.