O "Mejor en
Bici" (Melhor de Bicicleta) não
é apenas o nome do sistema de bicicletas públicas, mas um programa mais amplo
que envolve todo o planejamento da infraestrutura cicloviária da cidade,
campanhas educativas e promoção do uso da bicicleta em geral, tudo dentro de um
Plano de Mobilidade Sustentável
de Buenos Aires que vem sendo pensado para a cidade.
O “MeB” é um programa de Governo, mantido pela própria prefeitura de
Buenos Aires, e dentre as políticas públicas para o uso da bicicleta na capital
argentina está a implantação do sistema público de aluguel de bicicletas, sobre
o qual abordo neste tópico.
Estação Mejor en Bici
O modelo adotado em Buenos Aires é um sistema de 2ª Geração (mais
detalhes neste tópico: Como
Surgiram as Bicicletas Públicas), e como tal, não é automatizado, ou seja,
todas as estações possuem um funcionário responsável pela liberação e recebimento
da bicicleta pelo usuário. E, apesar de informatizado, na medida em que o funcionário
de cada estação possui um controle em tempo real dos usuários e das bicicletas,
o sistema não é autônomo e não demanda tanta Tecnologia da Informação como os
sistemas de 3ª Geração (Vélib, Barclays, Bike Rio, Bike Sampa, etc.)
Este modelo possui uma vantagem sobre os sistemas de 3ª Geração, que é o
baixo custo de implementação, na medida em que as estações físicas não demandam
tecnologia da informação (basta um computador simples com acesso à internet),
não ocupam muito espaço físico, é basicamente um contêiner e as bicicletas
podem ser empilhadas sem ocupar muito espaço, já que serão liberadas
individualmente pelo próprio funcionário da estação.
Outra vantagem deste sistema é que a estação não está limitada a um número
de vagas, não havendo o risco do usuário, ao devolver a bicicleta, encontrar a
estação sem vagas disponíveis para o estacionamento, isso é virtualmente
impossível neste sistema.
Porém, possui limitações, e a maior delas está na abrangência. Por
exigir o emprego de um funcionário para liberar a bicicleta, mais estações
significa mais pessoas empregadas e, com isso, mais custo, fora aqueles já
normais com a manutenção das bicicletas. Logo, sistemas de segunda geração são
perfeitos para serem implantados com estações em locais estratégicos, sem a
necessária rede de estações (8 p/km², distância de 300m no máximo) dos sistemas
de 3ª Geração, já que não há risco do usuário encontrar uma estação vazia ou
lotada, comuns naqueles sistemas.
As estações de segunda geração em locais estratégicos são uma boa, porém
limitada, opção, no entanto, se bem localizadas, podem bastante eficientes,
especialmente considerando-se a integração intermodal com transportes de massa e
locais de grande movimentação, como praças centrais, shopping centers, etc.
Em regiões com menos densidade do que grandes centros urbanos, em
cidades pequenas ou médias, microrregiões (grupo de cidades pequenas reunidas
num raio de até 50km) esse sistema de 2ª Geração é uma opção, por ser mais
barato e não ser tão abrangente quanto ao número mínimo de estações.
Mapa de localização das estações Mejor en Bici |
Voltando ao sistema argentino, o sistema foi lançado em dezembro de 2010 com apenas 3 estações e 100 bicicletas. Atualmente ele possui 28 estações em
funcionamento, com mais de 1200 bicicletas disponíveis. O serviço é gratuito tanto para
moradores quanto para turistas e funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 20
h. e aos sábados de 9 a 15 h, não funciona nem domingos e nem feriados.
O sistema argentino é interessante e apresenta-se como uma alternativa viável
em locais de baixa densidade (cidades médias, pequenas, microrregiões, regiões
suburbanas, etc.) ou onde o poder público não tem condições de arcar com um
serviço de 3ª Geração não patrocinado.
Pela consolidação da cultura ciclística da cidade de Buenos Aires e sua
grande visibilidade e interesse turísticos, seria mais do que viável a instalação
de um abrangente sistema de 3ª Geração, patrocinado, sem custos para o governo
local e bem mais abrangente do que o atual Mejor
en Bici.