quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

China agrega outros serviços às estações de bicletas públicas

Em Janeiro 2013 saiu um relatório em que Hangzhou tem agora 69.750 bicicletas em 2.965 estações com 94.000.000 pessoas utilizando o sistema anualmente. Sim, são 94.000.000 de viagens de bicicleta por ano. Se o gestor do sistema, o Serviço de Transportes por Bicicletas Públicas de Hangzhou (STBPH), recebe um yuan (R$ 0,30 - trinta centavos) para cada um desses passeios, bem, é um monte de dinheiro. Agora, se os ciclistas precisarem de dinheiro, STBPH irá tornar a vida mais fácil para eles, pois a empresa acaba de chegar a um acordo para alugar o espaço em suas estações de bicicleta para o Banco de Desenvolvimento de Guangdong para caixas automáticas (ATM). Cinco dos caixas eletrônicos já estão instalados de acordo com Hangzhou.com. 

Multi-posições estação em Hangzhou, China

A China parece ser a líder mundial em ideias de integrar múltiplos usos para seus serviços de bicicleta pública. Este é um grande exemplo de sinergia de serviços para os usuários do sistema. Já há tomadas para recarga de bicicletas elétricas em algumas estações na cidade de Wuhan. Muitas cidades chinesas já têm agora o dobro de estações de bicicletas públicas em relação ao número de pontos de ônibus. Quanto mais serviços e facilidades agregadas ao sistema de bicicletas públicas, mais interessante e atraente será para os usuários.

Fonte: Bike-Sharing

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Goiânia anuncia seu sistema de bicicletas públicas para o 1º Semestre de 2013


Na tarde da última quarta-feira, 5, o presidente da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), José Carlos Xavier, e a arquiteta e urbanista da CMTC, Ediney Bernardes, apresentaram estudos que estão em desenvolvimento para Goiânia. A pedido do próprio prefeito Paulo Garcia, secretários e presidentes de órgãos da administração foram convidados para o encontro.


Ciclovia na cidade de Goiânia

Neste encontro foi apresentado o estudo de implantação do Serviço Integrado de Bicicletas Públicas. Para Paulo Garcia, o modelo de cidade de Bogotá passa pelo mesmo de Goiânia. “Estive recentemente em Bogotá e fiquei impressionado com a adesão da população à bicicleta, e tenho certeza de que implantado aqui teremos público para esse modal”, avalia.

Ainda em fase de avaliação e acertos de detalhes, o estudo prevê que Goiânia terá 40 estações de bicicletas públicas com dez vagas cada uma. Até o final do primeiro semestre de 2013, a CMTC espera entregar as dez primeiras estações, ofertando no total 100 bicicletas ao Serviço Integrado de Bicicletas Públicas, que estará integrado ao sistema de transporte coletivo. “A oferta deste modal é para que o usuário do transporte público faça uso da bicicleta em trechos que complementem a viagem do transporte coletivo. Integrar os dois modais trará mais opções de deslocamentos e vai ofertar ao usuário ganho de saúde, maior integração com a cidade e, entre outros aspectos, promover a redução do uso do automóvel particular”, frisa a arquiteta e urbanista Ediney Bernardes.

Nas estações o usuário contará com serviço de auto-atendimento para a locação da bicicleta que poderá ser feito por diária e mensal via cartão de crédito ou por meio do celular, após cadastramento. Os valores serão determinados conforme o uso do serviço. A operadora que vencer a licitação disponibilizará um site de relacionamento com o usuário contendo informações sobre as localidades das outras estações, trajetos, mapas, disponibilidade de bicicletas, locais de devolução, condição do trânsito e do tempo, distância entre uma e outra estação e as vias com ciclovia. A alimentação da estação, como pretende a prefeitura, será por energia solar. “Essas são as diretrizes traçadas para o nosso serviço da bicicleta pública”, resume Ediney.

Esse serviço foi pautado com o sucesso de outras cidades brasileiras que já contam com a bicicleta pública e já estão em fase de expansão, como por exemplo: Rio de Janeiro com 600 bicicletas; São Paulo com 650; Porto Alegre com 200 e Sorocaba, em São Paulo, com 190 bicicletas. Outras cidades paulistas como Santos, Campinas e São Caetano do Sul também já implantaram.

Fonte: Prefeitura de Goiânia

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Porquê sistemas pequenos ou projetos pilotos falham?

 Sobre a implantação dos sistemas em pequena escala no Brasil, como nas cidades de Recife, Santos, Porto Alegre, Sorocaba, Campinas e São Caetano, algumas pessoas a iniciativa positiva e que deve-se começar de algum lugar.
Sim, mas mais importande do que começar de algum lugar, é saber em que lugar se pretende chegar!

De fato, entendo que sim, deve-se começar de algum lugar, e o melhor lugar para se começar é na mesa de estudos, para tentar entender como funciona um sistema bike share, em vez de simplesmente colocar estações com bicicletas em qualquer lugar e achar que isso será suficiente para salvar a cidade do engarrafamento, da poluição, da obesidade, etc. 
Dito isso, se o sistema é pensado para ser usado como mais um meio de transporte para a população, integrado ao sistema público de transporte, dou duas simples razões para que não se tente implantar um projeto piloto ou um sistema em pequena em larga escala para fazer "teste de demanda", para saber se o sistema será bem aceito pela sociedade.
Primeiramente, um projeto piloto ou em pequena escala não deve ser usado como "teste de demanda". Pois quanto menos estações, menores são as opções de deslocamentos. Vejam: implantar 10 estações em uma cidade é como implantar uma linha de ônibus com 10 pontos apenas. Quanto mais pontos, maiores são as opções de deslocamentos, mais pessoas serão atendidas e, com  isso, maior a demanda.

Um projeto piloto ser usado como teste de demanda certamente irá falhar, pois as opções de uso serão muito reduzidas.

A Transport For London encomendou um relatório sobre os sistemas de bike share que foram implantados em projetos piloto ou em larga escala, e a primeira recomendação do relatório final é a seguinte: 

"Um lançamento em larga escala em uma grande cidade é importante. Se o sistema é pensado para se tornar parte do sistema público de transporte, o sistema precisa possuir bicicletas suficientes a um intervalo frequente, da mesma forma como em casos de pontos de onibus. Bicicletas precisam estar disponíveis não apenas nas estações de origem e destino do usuário, mas também durante o trajeto e nas imediações, caso a estação escolhida para pegar ou deixar a bicicleta não esteja imediatamente disponível".

Segundo, não é recomendavel implentar um sistema disperso, por exemplo, com estações em locais estratégicos apenas. O sucesso de sistemas implantados em várias cidades mostraram-se inseguros, na medida em que o usuário não tem a garantia de que, no caso da estação de origem/destino estará disponível, e caso não esteja, ele não terá uma outra estação próxima para pegar ou deixar a bicicleta, tornando o sistema totalmente inseguro.

Projetos pequenos podem não necessariamente falhar, porém, o seu nível de uso e a sua sua natureza não poderá ser jamais classificados como uma opção de transporte público para a cidade, e sim, uma opção informal, restrita e absolutamente limitada, que não atenderá ao usuário diário que precisa se locomover em bases normais e rotineiras.

Concluindo, se a idéia de implantar um Bike Share como sistema público de transporte, um modal, um projeto em pequena escala ou piloto está fadado ao fracasso. Agora, se a idéia é so implantar de forma informal e "bonitinha", para políticos posarem na foto, daí pode funcionar sim, mas nunca como um meio de transporte útil para a cidade.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Bike Santos é inaugurado hoje: 29/11/2012.

Conforme noticiado aqui no blog no post de 10/09/2012 Aqui, a cidade de Santos inaugura neste instante o seu sistema de Bike Share.

Bike Santos

Créditos: Divulgação
Bicicletas que serão usadas no Bike Santos

O sistema será o perado pela Serttel, sim, a mesma que opera os já famosos Bike Rio, Bike Sampa, Bike Poa, Integrabike (Sorocaba) e futuramente o programa de Recife.

O sistema segue o modelo exato do Bike Sampa, funcionará das 6h às 22hs, custará o passe mensal R$ 10,00, cada passe permite retirar uma única bicicleta por vez, que deverá ser devolvida em qualquer estação do sistema em 30 minutos, caso ultrapasse esse período será cobrado R$ 5,00 por hora adicional. Uma vez entregue a bicicleta numa estação, somente poderá fazer nova retirada dentro de 15 minutos, caso contrário, será cobrada uma taxa também de R$ 5,00.

A única diferença entre todos os sistemas é que no Bike Rio o período "de graça" é de 60 minutos! O que é muito bom, já que o sistema é muito espalhado pela cidade, o ponto contra é que 1h é tempo demais e isso faz com que as pessoas permaneçam mais tempo de posse da bike, o que, num sistema como o Bike Rio é problemático, pois há uma notória escassez de bicicletas em grande parte das estações durante todo o dia.

Voltando a Santos, o sistema contará com 14 estações, e elas já estão localizadas no mapa abaixo, veja:




Haverá um número de veículos e estações maior que o inicialmente projetado, porque os locais não se limitarão à orla e aos centros comerciais do Gonzaga e Aparecida. Ao invés de 100 bicicletas, agora serão 300; e as dez estações para retirada ou devolução foram aumentadas para 30. A ampliação representa grande benefício para o cidadão, que poderá aproveitar o sistema para deslocamento em outros bairros.

Fonte: A Tribuna



quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Recife, terra natal da Serttel, finalmente implantará seu Bike Share

Baseado no mesmo modelo implantado nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, Recife, que abriga a sede da empresa Serttel, que é a justamente quem gere e administra todos os sistemas Bike Rio, Bike Sampa, Bike Poa, Integrabike (Sorocaba), agora prepara-se para receber o seu sistema público de aluguel de bicicletas, que será gerido por esta mesma empresa.

Projeto de compartilhamento de bicicletas terá est
Modelo será similar aos implantados no Rio, Sampa e Porto Alegre.

De acordo com a Prefeitura de Recife serão 10 estações e 100 bicicletas, com isso, a prefeitura pretende alcançar a marca de 2 mil usuários em 2 anos e promover a mudança na cultura de mobilidade do reficense, reduzir o congestionamento e acidentes de transito... blá blá blá blá (Fonte: http://www.mobilize.org.br/noticias/3184/convenio-garante-bicicletario-em-tres-bairros-do-recife.html)

Convenhamos, se a meta de qualquer prefeitura de uma capital como Recife, é justamente uma mudança de cultura, deveria ter mais coragem e apresentar um plano REALMENTE coerente com tal pretensão e não apresentar um projeto medíocre, que qualquer pessoa com o mínimo de conhecimento em sistemas de bike share sabe que são fadados ao insucesso, pois o sistema se sustenta pela sua abrangência, oferta e segurança.

Enfim, apenas 10 estações e 100 bicicletas e uma meta risível de alcançar a marca de 2 mil usuários em 2 anos (como se fosse algo realmente grandioso!!!) não faz a menor diferenças para os usuários, para o cidadão, para o transito, para a mudança de comportamento, para nada! Faria se a cidade tivesse 7 mil habitantes!

É só uma manobra política muito tola e pueril! Para incluir o nome da cidade entre aquelas que possuem bike share... já que o sistema está na moda e todas as grandes cidades do mundo estão implantando, pois é trata-se do futuro da mobilidade em pequenos trajetos nas grandes cidades.

Está na hora das autoridades de trânsito criarem coragem para fazer algo que realmente faça diferença para os seus cidadãos e comecem a pensar grande e não menosprezar a capacidade ciclística de suas cidades. O potencial é muito maior do que se imagina e a população em geral deseja isso, apenas não está acostumada com a idéia do plano cicloviário tornar-se massificado.

Querem um sistema de bike share que realmente faz alguma diferença, se inspirem então nesses aqui:

Londres: http://bikes.oobrien.com/london/
Barcelona: http://bikes.oobrien.com/barcelona/
Montreal: http://bikes.oobrien.com/montreal/

Ahh tahh!!! Esses acima são sistemas instalados em cidades de primeiro mundo! Coisa chique! Lá na Europa e no Canadá o povo é mais civilizado, tem uma cultura de bicicleta mais disseminada que a nossa! O clima permite!!! (pensamento mais equivocado, impossível, qualquer um sabe que pedalar no frio ou na neve é infinitamente pior do que pedalar no calor tropical! Sem contar que Londres chove o ano inteiro!).

Pois é, tinha esquecido do famoso "complexo de vira-lata" do brasileiro, e por isso vou citar o exemplo do México...  que é tão 3o mundo quanto o Brasil, se não mais, para aqueles que pensam que a Europa e a América do Norte são padrões elevados demais...

Cidade do México: http://bikes.oobrien.com/mexicocity/
Guadalajara: http://bikes.oobrien.com/guadalajara/

Só pra arrematar, não há necessidade de se fazer projetos pilotos ou projetos medíocres (covardes, com medo de dar errado), o sistema já demonstrou ser absolutamente viável em todas as cidades onde ele foi implantado de forma séria, técnica e coerente (e não política).

O estudo para instalar um sistema de bike share deveria ser levado tão a sério quanto a concessão da operação de uma linha de ônibus, onde cada estação representa um ponto de ônibus e cada bicicleta uma potencial viagem pelo usuário, daí implanta-se mais ou menos estações de acordo com a área aonde a "linha" passará, dimensionando-a de acordo com o movimento de cada ponto.

Porém, a Tranport For London já fez seu estudo (já postei isso aqui no blog, mas não custa repetir), e concluiu que o sistema para ser viável necessita dos seguintes requisitos básicos: 8 estações por km², uma não mais distante do que 300m da próxima, distribuída numa área de grande densidade populacional e num raio que não ultrapasse 30km. O resto é a qualidade do nível de serviço.

Receitinha básica de bolo mesmo, mas que resume bem o que é necessário para o sistema funcionar!

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Bike Sampa Decola!

De começo tímido, com apenas 5 estações, em poucos meses o sistema Bike Sampa ganha mais e mais estações. Atualmente o sistema já conta com 55 estações e a cada semana novas estações vêm sendo inauguradas.




















Panorama atual do Bike Sampa.

Por também ser administrado pela mesma empresa do Bike Rio, a Serttel, o Bike Sampa nasce com os mesmos erros fundamentais reportados aqui no Blog, porém, sai na frente do sistema carioca em alguns aspectos.

O primeiro deles é o fato dele já vir planejado para crescer. Já nesse ano de 2012 há a previsão da instalação de 100 estações, inclusive, elas já estão marcadas no mapa, o que já dá uma idéia do que está para ser inaugurado. Além disso, já há previsão no edital para a instalação de 300 estações na cidade até o fim de 2013. As primeiras 200 estações podem até vir a complementar as áreas onde o sistema já existe e verificou-se que existe maior demanda.

No entanto, apesar disso, os erros fundamentais existem, e o maior deles está em relação ao tamanho das estações, todas muito pequenas (com 12 ou 14 vagas no máximo). Evidentemente que em determinados locais são necessárias estações com mais vagas. Este erro também foi importado do Bike Rio.

Outro erro fatal é a distância das estações, como já falado insistentemente neste blog, e nunca é demais repetir: para que o usuário se sinta seguro com o sistema é essencial que existam várias estações próximas não só dos pontos de origem e destino, mas também durante todo o trajeto, algo na ordem 8 estações por quilômetro quadrado a uma distância não superior a 300m umas das outras.

Esse problema da segurança que se tem com uma boa proximidade entre as estações pode ser ilustrado através do seguinte exemplo: Imagine você usando um ônibus para fazer um trajeto de 10 km entre o ponto de origem e o seu ponto de destino e se o ônibus em que você está quebra no meio do caminho e você só pode embarcar um outro ônibus em pontos específicos, sendo que o mais próximo está localizado a 2 km de distância e você precisa andar até lá para pegar outro ônibus.

Imaginou?

É o que acontece quando você pega uma bicicleta numa estação e o pneu fura e você tem que andar 1 km até a estação mais próxima. Ou quando você chega na estação de destino e ela encontra-se sem vagas e você precisa andar 1 km (desviando do seu ponto de destino) para poder devolver a bicicleta em outra estação. Ou simplesmente desiste de usar a bicicleta naquele dia pois a estação próxima de você não tem nenhuma bicicleta disponível e você não está afim de andar 1 km até a outra estação mais próxima e resolve então ir de ônibus, pois é mais cômodo! (Sim, pegar um ônibus cheio e ficar no engarrafamento consegue ser mais cômodo do que ter que peregrinar para conseguir uma bicicleta, acreditem!).

Essa é a segurança que o usuário da bicicleta pública tem que ter no dia-a-dia para poder, enfim, utilizá-la diariamente. Caso o sistema não seja levado com esta seriedade, não atingirá mesmo o seu fim e será lamentável para todos.

Me anima ver o mapa do Bike Sampa e me anima saber que tem mais 45 estações a caminho este ano! Espero que o sucesso seja tão grande quanto o Bike Rio e que a Serttel não cometa os mesmos erros que vêm cometendo por lá, com a constante falta de bicicletas no sistema e a baixa qualidade no nível de serviço. Uma clara situação onde ninguém estava preparado para o sucesso e o sistema nasceu amarrado e sem condições de crescer.


domingo, 21 de outubro de 2012

Erros Fundamentais do Acertado Bike Rio

Há duas semanas foram inauguradas as duas últimas estações que faltavam para completar as 60 prometidas do sistema Bike Rio, foram as estações Cinelândia e Praça São Conrado.

Vale lembrar que o sistema Bike Rio possui erros fundamentais em sua concepção e que o seu sucesso deve-se tão-somente ao amor que o carioca possui por bicicletas e a sua enorme paciência e tolerância com maus serviços prestados. Fato.

Erros fundamentais que o sistema Bike Rio possui:

1. Estações distantes: O principal erro do sistema Bike Rio está na distância entre as estações, cada uma em média 1km de distância da outra, quando o correto num sistema desses é que as estações não estejam mais de 300m de distância uma das outras havendo pelo menos, 3 estações num raio de 300m, ou 8 estações por km².

Essas distâncias visam trazer segurança para o usuário de 3 formas:

a) se a estação estiver vazia, ele pode facilmente se dirigir a uma próxima que não esteja e aí conseguir a bicicleta.

b) se a estação estiver lotada, ele se dirige a outra próxima para deixar a bicicleta, sem que isso lhe causa grandes transtornos;

c) se um pneu furar, houver algum acidente/avaria, qualquer que seja a natureza, deve haver uma estação próxima durante o seu trajeto de forma a que o usuário não seja obrigado a completar um longo trajeto a pé.

Quem usa o sistema Bike Rio diariamente já deve ter passado por algum desses problemas e só continuou usando o sistema porque é teimoso, gosta muito de bike e não considera esses transtornos grandes coisas diante da maravilha que é se locomover por bike em vez de pegar um ônibus e ficar no engarrafamento.

2. Falta de comunicação no sistema - A Tecnologia da Informação empregada no sistema Bike Rio é de ponta, isso é notório, o usuário leva a própria interface com o sistema (celular), e diretamente, se conexão direta entre ele e a estação, a bicicleta é liberada, tudo sem fios, econômico e com o uso de energia solar nas estações, sistema bem sustentável. Porém, eis que inacreditavelmente, todos os dias, durante todos o dia, pelo menos 10% das estações (6) estão simultaneamente inoperantes por falta da comunicação.

Muitas vezes a falta de comunicação ocorre na própria estação. A bicicleta está fisicamente estacionada, porém o sistema não reconhece que ali há uma bicicleta (não se trata de uma bicicleta indisponível por alguma razão, trata-se de uma bicicleta "inexistente" no sistema!) O usuário liga para a central, avisa que ali há uma bicicleta, mas a central não a "enxerga"!

3. Estações pequenas - O sistema Bike Rio possui estações com 12 ou 14 posições, o que significa que algumas estações rapidamente ficarão vazias e outras rapidamente ficarão cheias, e considerando a distância entre elas, o serviço estará indisponível par ao usuário.
Dever-se-ia ter a possiblidade de ampliar o número de vagas de acordo com a estação. As estações da Praça XV, Antero de Quental, Santa Clara, por exemplo, são estações muitíssimo movimentadas e estão constantemente cheias ou vazias conforme o fluxo e contra-fluxo de usuários.

Em resposta a este problema, a Serttel, que administra o sistema, disse que não poderia resolve-lo, já que, contratualmente, a prefeitura liberou apenas estes espaços e, por conta disso, aumentar o número de vagas significa ocupar mais espaço público, o que gera uma burocracia tremenda. Quem perde é o usuário, que cai no erro 1 acima.


4. Número de Bicicletas - A promessa é de que o número de bicicletas chegaria a 600 quando o sistema estivesse completo. Ocorre que há duas semanas o sistema está completo mas o número de bicicletas, segundo contagem feita diariamente às 01:00 (horário em que todas as bicicletas deveriam estar estacionadas nas estações, já que o sistema não está funcionando), não passa de 350!!!!

Sim, 350!!! Ou seja, pouco mais da metade do prometido está em circulação. Podemos aí dar uma tolerância de 20% sobre este numero, para mais, considerando as bicicletas que estariam recolhidas na oficina. O fato é este o número de bicicletas atualmente circulando no sistema Bike Rio.

Para quem quiser conferir, neste link há uma contagem direta das bikes não só do sistema Bike Rio mas também de diversos outros pelo mundo, inclusive o londrino Barclays e o parisiense Vélib' http://bikes.oobrien.com/rio/

É natural que, com o reduzido número de vagas por estações, quanto mais bicicletas no sistema, maiores as chances das estações ficarem lotadas, porém, considerando a enorme taxa de utilização e a quantidade absurda de estações vazias, veja a imagem abaixo:


Conclui-se, por óbvio, que há uma escassez de bicicletas no sistema, e que a introdução das 250 faltantes traria melhorias para os usuários.

5  Distribuição política das estações - O sistema possui 60 estações sendo que duas no bairro de São Conrado e 3 em Madureira.

Quanto ao bairro de São Conrado, para quem não sabe, este bairro encontra-se atualmente isolado do resto da Zona Sul para as bicicletas. Os dois caminhos que ligam este bairro ao resto da Zona Sul são proibitivos para ciclistas: Tunel Zuzu Angel e Av. Niemeyer.

A Estação Largo do Boiadeiro foi inaugurada nos pés da favela da Rocinha, assim que houve a ocupação do local pelas forças de pacificação, e sairia bem na foto da prefeitura a inauguração da estação ali, para ar aos moradores a idéia de inclusão. Uma decisão meramente política e nem um pouco técnica, já que, sendo a única estação inaugurada no bairro, permitira aos usuários andarem em círculo apenas.

As 3 estações do Parque Madureira foi a mesma coisa, estão a 30km de distância do resto do sistema, e atendem SOMENTE aos usuários do parque, para que estes andem em círculo e a lazer, fugindo totalmente da proposta de mobilidade do sistema.

Essas decisões políticas, em que pese soarem positivas na opinião pública, são atécnicas e geram mais transtornos logísticos e problemas para os usuários do que a prometida solução de mobilidade, fim primordial a que se destina o sistema.

Esses foram os erros fundamentais, todos os outros problemas seriam derivados e secundários e não estão diretamente ligados à estrutura do sistema, e sim, falhas no nível de serviço, como a falta de manutenção, cobranças indevidas, etc.


Deve-se ter em mente que o Bike Rio é um sistema público de transporte, e como tal, deve estar sempre disponível para os usuários, e esta disponibilidade segura (ou seja, o cara saber que pode contar com o sistema) se consegue com: 8 estações p/km², estações com tamanhos diversos de acordo com a demanda, e número suficiente de bikes conforme a demanda, e principalmente, flexibilização do sistema, a fim de que a concessionária possa promover as adequações de acordo com a demanda e as características da região, conforme o sistema começa a operar.

Evidente que num primeiro momento não dá para se prever os aspectos de utilização, como as rotas mais utilizadas, estações mais ou menos movimentadas, porém, o sistema vai completar 1 ano na próxima semana, e é natural que esses dados já existam.

Vamos cobrar pela necessária expansão e que isso se dê de forma técnica e não política.